Com a devida vénia, recomenda-se o blogue sobre a ferrovia nacional de grande importancia para a compreensão das questões da ferrovia nacional:
https://portugalferroviario.net/politicas/author/trainmaniac/
Um grupo de cidadãos, interessados no bem estar dos seus concidadãos, decidiu dedicar especial atenção à questão da ferrovia e sua interoperabilidade com as redes e operadores estrangeiros. Este blogue tem o objetivo de sensibilizar as pessoas para a urgência de projetar e executar linhas novas de bitola UIC em tráfego misto (prioridade mercadorias) de ligação à Espanha e Europa. Todos os textos vinculam apenas os seus autores, sem prejuízo do objetivo comum do Manifesto
quarta-feira, 26 de setembro de 2018
terça-feira, 25 de setembro de 2018
Analise custos-benefícios simplificada para a nova linha Aveiro-Almeida-Salamanca
por Mario Lopes
Comparação entre a Linha nova
Aveiro-Salamanca e a modernização da linha da Beira Alta
ACB sumária
Comércio externo de Portugal por rodovia:
Importações (Estatísticas dos Transportes e
Comunicações, 2016, INE, pag 70)
0,634 x 61,2 MM (milhares de milhões de euros) =
38,8 MM
Exportações (Estatísticas dos Transportes e
Comunicações, 2016, INE, pag 72)
0,625 x 50 MM (milhares de milhões de euros) =
31,2 MM
Total = 38,8 + 31,2 = 70 MM
Parte que usaria a Linha Aveiro Salamanca » 50% (justificado no livro “O Imperativo da Bitola Europeia”, pag 59) = 0,5
x 70 MM/ano = 35 MM/ano (19% PIB) se se transportasse a carga por ferrovia.
Duração da situação: admite-se 50 anos (não se constroem linhas de
caminho-de-ferro, para as substituir a cada 20 ou 30 anos)
Montante afectado » 35 x 50 =1750 MM/ano
Acréscimo de custos da Linha nova
em relação à modernização da Linha da Beira Alta » 2,5 MM » 700 vezes menos do que as importações e exportações cuja
competitividade se pretende proteger
Outros factores a ter em conta:
1 – a linha da Beira Alta terá
capacidade para satisfazer uma pequena parte da procura.
2 – uma parte do tráfego passará
para a via marítima.
3 - Portugal precisa de aumentar
significativamente o peso do seu comércio externo relativamente ao PIB para se
desenvolver. Em outros países europeus, valores das exportações de 60% ou 80%
do PIB são comuns, há casos em que ultrapassa os 100%. Em Portugal é cerca de
40%.
É difícil estimar se o factor 3
compensa ou não os factores 1 e 2. Mas estes factores apenas podem afectar a
análise anterior de forma ligeira e quantitativa quando comparada com a
diferença entre o investimento e os potenciais benefícios, ou seja, não afecta
a conclusão final.
- efeitos indirectos (consequência principal): os custos das importações e exportações
afectam a competitividade de grande parte dos sectores de actividade económica.
A não construção da Linha nova seria por isso um desincentivo ao investimento
no Centro e Norte de Portugal e levaria à falência ou deslocalização de muitas
empresas aí instaladas. Þ empobrecimento
e subdesenvolvimento do Centro e Norte de Portugal durante décadas, que seria
um fortíssimo factor a acentuar
desequilíbrios regionais e falta de coesão territorial no nosso país.
segunda-feira, 24 de setembro de 2018
Artigo de Henrique Neto no Diário de Coimbra
Coimbra37-18
Diário de Coimbra
As obras públicas vão
ao Parlamento
O
Governo parece ter finalmente decidido debater no Parlamento as grandes obras
públicas para o decénio de 2020 a 2030, com o objectivo de obter a aprovação
por uma maioria de dois terços. Em principio trata-se de um objectivo meritório,
mas com base no que se sabe
relativamente às obras públicas previstas pelo Governo, esses investimentos só
serão possíveis no caso da Assembleia da República ter ensandecido de todo.
Vejamos porquê:
Porto do Barreiro: as informações
disponíveis têm mudado com o tempo, mas mais um porto no estuário do Tejo não
faz nenhum sentido, seja porque já temos o porto de Sines – bem precisado de
investimento – e o porto de Setúbal, ambos perto de Lisboa. Depois, porque em
todo o mundo os grandes centros urbanos têm deslocalizado as suas grandes
infraestruturas industriais para outros locais, no sentido de transformar as
grandes metrópoles em centros de serviços. No caso de Lisboa, o turismo,
centros de congressos, paquetes de turistas, marinha de recreio e hotelaria de
ambos os lados do Tejo. Até porque no futuro, Almada, Barreiro, Seixal e Lisboa,
formarão uma única grande metrópole. Acresce, que o rio Tejo no Barreiro não
tem fundos suficientes, as dragagens serão de uma dimensão absurda, logo muito
caras, além de frequentes, como estudado pela Ordem dos Engenheiros. Bastará
ver o caso da marina da Expo para o compreender. Além de que os operadores dos grandes
navios de mercadorias escolhem portos oceânicos como Sines e não portos no
interior de estuários, como é o caso de Lisboa, devido ao tempo adicional de
viagem na entrada e saída do porto e de atracagem, além dos custos mais
elevados na movimentação das cargas em vias bloqueadas pelo transito. Finalmente,
o Governo diz que o investimento será
privado, mas nenhum operador no seu juízo fará um investimento de 800 milhões
de euros nas infraestruturas. Quando
muito estarão interessados na operação, deixando a construção e as dragagens para
serem pagas pelos nossos impostos.
Ferrovia: de acordo com a informação do
ministro, que não é muita, não faz
nenhum sentido investir nos próximos dez anos na ferrovia com bitola ibérica,
seja porque os financiamentos da União Europeia para o corredor Atlântico são destinados
a vias interoperáveis com o resto da Europa e os espanhóis já gastaram cerca de
20 mil milhões de euros, altamente financiados pelo UE, em novas linhas em
bitola europeia, quer para mercadorias quer para passageiros. Ou seja, a avançarem os investimentos anunciados
pelo Governo, Portugal ficará uma ilha ferroviária sem ligação à Europa, algo
em que nem é bom pensar, já que impede que as exportações portuguesas para a
Europa possam ser feitas por caminho de ferro, para mais no momento exacto em
que a rodovia se tornou indesejável na Europa por razões energéticas e
ambientais. Além disso, sendo verdade que o Portugal democrático não investiu
na ferrovia e atingimos um estado limite de degradação do sistema ferroviário, não
é menos verdade que agora ou olhamos o futuro com coragem, ou ficamos para
sempre amarrados ao passado, ou seja, são mais investimentos errados no tempo e
nos objectivos, além de cada vez mais obsoletos em relação aos outros países
europeus. Ou seja, a estupidez dos homens paga-se quase sempre neste mundo e não no outro.
Linha circular do Metro: O Governo e a
autarquia de Lisboa dispõem-se a gastar cerca de 300 milhões de euros – fora os
trocos – numa linha circular do Metro com pouco mais de um quilómetro, quando o
normal seria 60 milhões por quilómetro, apenas para servir a megalomania de
Frenando Medina e os interesses imobiliários no centro de Lisboa do verdadeiro presidente da autarquia, Manuel Salgado. Trata-se de um erro grosseiro,
que contraria a opinião da generalidade dos técnicos e até a estratégia
definida pelo próprio Fernando Medina de retirar os carros do centro da cidade,
o que a linha circular prevista não faz. O objectivo certo será obtido apenas através de linhas radiais,
entre o centro e as periferias, como Campo de Ourique, Alcântara e Miraflores
em Oeiras, com parques de estacionamento nos terminais.
Em
resumo, nenhuma das obras públicas previstas faz sentido, nomeadamente em
relação aos necessários investimentos no novo terminal Vasco da Gama em Sines e
na ligação à Europa através de uma nova linha férrea entre Aveiro e a fronteira
com a Espanha, em via dupla, como reivindicado pelos empresários da CIP e da
AFIA.
Por
este pequeno resumo é fácil de compreender que se os partidos políticos
aprovarem os investimentos propostos pelo Governo, ficarão responsáveis por um
novo desastre económico e financeiro, em tudo semelhante aos excessos levados a
cabo pelos governos do PS de José Sócrates. Esperemos, apesar de tudo, que haja
algum bom senso e sentido de responsabilidade.
22-09-2018
Henrique
Neto
Artigo no Expresso de 8 de setembro de 2018
https://leitor.expresso.pt/semanario/semanario2393/html/economia/temas/ferrovia-e-a-prioridade
Investimento público
PNI 2030 - Governo deve apostar nas
linhas de comboio que levam as mercadorias portuguesas à Europa, dizem os
empresários
Ferrovia é a prioridade
Texto Joana Nunes Mateus e Pedro
Lima
Quais os investimentos públicos
estratégicos que o país deve lançar na próxima década, com o apoio dos fundos
europeus do Portugal 2030, o próximo quadro comunitário para 2021-2027?
Agora que o Governo está a definir o futuro Programa
Nacional de Investimentos (PNI 2030), o Expresso perguntou aos exportadores
portugueses que projetos devem constar dessa lista que o Governo pretende
submeter, até ao final de 2018, à apreciação do novo Conselho Superior de Obras
Públicas e à aprovação do Parlamento.
Investir a sério na competitividade
das ligações ferroviárias de Portugal à Europa é a resposta mais consensual
entre os empresários, que já perceberam que têm de trocar rapidamente o
camião pelo comboio, dada a
saturação das autoestradas europeias e as crescentes pressões ambientais e
energéticas sobre os custos do transporte rodoviário.
Aliás, a Confederação Empresarial de Portugal (CIP), e
mais recentemente a Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel
(AFIA), já alertaram o Governo para o impacto dramático que a ausência de
soluções para o transporte terrestre de mercadorias pode ter num país que
exporta mais de três quartos dos seus produtos para os mercados europeus. Em
causa estarão os empregos, os salários, as pensões dos portugueses se as
exportadoras não conseguirem sobreviver ou tiverem de se deslocalizar (ver
texto ao lado).
O que dizem as associações:
“Um novo corredor ferroviário Aveiro-Vilar Formoso,
construído de raiz, em via dupla e em tudo compatível com as redes espanholas e
europeias, para que a longo prazo os nossos produtos e mercadorias tenham
uma alternativa à rodovia”, é o primeiro projeto de investimento que deve
constar do PNI 2030.
Quem o diz é Tomás Moreira, o presidente da AFIA, que
representa 220 fabricantes de componentes automóveis do país, o equivalente a
14% das exportações de bens, 7% do emprego industrial e 5% do PIB português. A
AFIA defende ainda o investimento público na criação de uma rede de terminais
logísticos intermodais de baixo custo estrategicamente localizados e na
interligação eficaz entre as vias rodoviárias, a rede ferroviária, os portos de
mar e os terminais logísticos.
Além de prosseguir a modernização e o aumento da
capacidade dos portos nacionais, com particular enfoque em Leixões e Sines, o
vice-presidente executivo da Associação dos Industriais Metalúrgicos,
Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP) quer investimento público nas
“principais linhas ferroviárias de ligação a Espanha, resolvendo
definitivamente a questão da bitola europeia, que tem sido um constrangimento
temporal e financeiro lesivo da competitividade das nossas exportações”. Para o
representante desta que é a maior fileira exportadora nacional, “tendo em conta
que somente 4% das mercadorias para Espanha são movimentadas por via
ferroviária, facilmente se percebe que há aqui uma enorme oportunidade, até
porque a rede rodoviária pode perder competitividade e os custos energéticos e
ambientais têm um peso crescente”. E alerta: “Está previsto que venha a haver a
curto prazo barreiras muito fortes à passagem de transportes rodoviários
pesados pelo País Basco. O escoamento de mercadorias portuguesas para o resto
da Europa poderá ficar comprometido, se não houver, entretanto, uma aposta
forte no transporte ferroviário”.
Para o diretor-geral da Associação Têxtil e Vestuário
de Portugal (ATP), Paulo Vaz, é prioritário “o investimento no alargamento do
Porto de Leixões, de forma a tornar, ainda mais eficiente e económico, o escoamento
de mercadorias por via marítima na região Norte, onde se localizam as
indústrias transformadoras mais importantes, podendo competir, tal como foi
feito com a infraestrutura aeroportuária, com os portos do sul da Galiza”.
Outra prioridade é “apostar no prolongamento do AVE espanhol da Galiza ao
Porto, assentando nesta linha a sua expansão para Lisboa e a meio do trajeto
uma derivação para a fronteira espanhola e Madrid, de modo a não isolar
Portugal da rede de alta velocidade europeia”.
Uma solução para o aeroporto de Lisboa é outra
prioridade referida por estas associações.
O que pedem os exportadores
Uma das grandes exportadoras nacionais que se está a
virar para a ferrovia é a Siderurgia Nacional, hoje Megasa. Em resposta ao Expresso, considera
prioritário “o investimento na modernização das ligações ferroviárias a Norte e
a Sul para Espanha, ao nível da tração e pendentes, permitindo igualar
a carga máxima de 1400 toneladas existente em Espanha, isto é, mais 40%
comparando com as 1000 toneladas possíveis em Portugal”. Em concreto, refere a
construção da ligação ferroviária a Espanha pelo Sul — ligação
Évora-Caia-Badajoz — e a eliminação dos constrangimentos nas ligações
ferroviárias aos portos de Leixões e Setúbal. A ponte Seixal-Barreiro e a realização
dos trabalhos previstas nos acessos à A41, na Maia, são outros investimentos
públicos a considerar no PNI 2030.
Fonte oficial da Volkswagen
Autoeuropa refere que “a modernização da rede ferroviária nacional, o reforço
da competitividade dos portos nacionais ou a manutenção e reparação adequada
das vias que fazem o last mile entre as redes viárias e os polos
industriais — como
é o caso da variante que serve a Volkswagen Autoeuropa e cujo estado de
degradação dificulta a operação dos mais de 300 camiões que diariamente a
utilizam — deverá ser encarada como uma prioridade no novo quadro de fundos
comunitários”.
Para esta empresa que vale cerca de 1% do PIB
português, também é importante considerar a implementação, a curto/médio prazo,
de uma rede de abastecimento para mobilidade elétrica capaz de corresponder ao
aumento expectável na procura de carros elétricos. “Os ambiciosos objetivos de
redução de emissões de CO2 (30% até 2030) que Bruxelas se prepara para legislar
têm de ser acompanhados pelo investimento público em infraestruturas de
fornecimento. A União Europeia estima que até 2025 seja necessário dotar o
espaço europeu de cerca de dois milhões de postos de abastecimento, valor que
contrasta com os atuais cem mil. Se Portugal quiser estar na vanguarda da
mobilidade elétrica, este é um investimento que não pode ser descurado”,
acrescenta a Autoeuropa.
A Repsol é outra das grandes exportadoras que
aceitaram o repto do Expresso e considera que “a ligação ferroviária para a
Europa a partir de Sines, a sua futura competitividade e a competitividade do
porto de Sines poderão ajudar-nos a sermos competitivos nos mercados externos”.
Já a Continental Mabor lista quatro prioridades.
Primeiro, a garantia de que a alternativa à EN14, estrada que liga o Porto a
Famalicão, seja terminada com todos os acessos que estão prometidos. Depois que
se aproveite mais o aeroporto do Porto, ampliando-o se necessário, garantindo
mais voos diretos internacionais. O porto de Leixões também deve ser
modernizado e reforçado. A empresa defende ainda que se faça na região de
Famalicão um terminal ferroviário.
ORÇAMENTO:
Há que investir €1000 milhões todos
os anos
Portugal deve fazer um esforço de
investimento anual na ordem dos €1000 milhões na ferrovia para não ficar isolado
da Europa. Em números redondos, serão €600 milhões do Orçamento do Estado mais
€400 milhões do orçamento europeu, entre fundos comunitários do Portugal 2030 e
fundos do Mecanismo Interligar Europa (CEF). Devem servir para o país investir
sobretudo na construção da nova rede em bitola europeia (com carris que distam
entre si 1435 mm) e na segurança da rede existente em bitola ibérica (1668 mm),
para evitar descarrilamentos e substituir carruagens obsoletas. As contas são de Mário
Lopes, professor do Instituto Superior Técnico, que tem trabalhado no
tema da ferrovia com o Conselho da Indústria Portuguesa da CIP. Ao Expresso
refere que o próximo quadro comunitário deve reservar entre 2,5 a €3,5 mil
milhões para a ferrovia pois o PNI 2030 “é a última oportunidade para corrigir
os erros do passado”.
Para se investir a sério na ferrovia em bitola
europeia, este professor até prefere que o Governo lhe aumente menos o
ordenado. É que sem este esforço orçamental, a competitividade do país e logo
os salários e as pensões dos portugueses estarão todos condenados a prazo.
“Prefiro que me aumentem menos o ordenado no curto prazo, mas que os aumentos
continuem de forma sustentada no tempo, do que ter um grande aumento agora e a
seguir perder tudo. As reposições de rendimentos dos últimos anos não são
sustentáveis se as políticas não se alterarem. A competitividade das nossas
trocas comerciais com a União Europeia, baseada na rodovia, não é sustentável”.
J.N.Mateus.
Empresários alertam para
o risco de deslocalização:
Sem alternativa ferroviária competitiva
para escoarem as suas mercadorias há exportadoras que podem ter de abandonar o
país
Os empresários portugueses não estão a poupar nas
palavras para convencerem o Governo a apostar neste grande projeto de investimento
público para a próxima década: a construção de raiz da
nova linha Aveiro-Salamanca, em via dupla e numa bitola que evite
transbordos, para
assim potenciar o transporte competitivo das mercadorias fabricadas pela
indústria portuguesa para o norte de Espanha e para os mercados europeus além
dos Pirenéus.
O mais recente grito de alerta veio da associação dos
fabricantes para a indústria automóvel (AFIA). Dizem que o Governo não pode
mesmo perder a oportunidade de inscrever no Portugal 2030 os fundos necessários
à construção da nova linha Aveiro-Salamanca: “Se isso não acontecesse, estaria
a cometer-se um atentado contra a nossa economia, pois a médio prazo
condenaríamos as nossas empresas a um isolamento ferroviário com consequências
fatais para o seu desenvolvimento e para a sobrevivência da indústria automóvel
em Portugal”, diz o presidente da AFIA, Tomás Moreira.
Há um ano, já o Expresso publicara em primeira mão o
manifesto de dezenas de empresários, gestores e investigadores “Portugal, uma
ilha ferroviária na União Europeia” promovido por Henrique Neto e Eugénio
Sequeira. E no início deste ano, a Confederação Empresarial de Portugal (CIP) voltou
à carga num documento de reflexão sobre o futuro da indústria nacional
coordenado por Mira Amaral (ver caixa).
Como explica a AFIA, o problema é que os custos dos
camiões se estão a agravar sem que exista uma alternativa para escoar as
exportações portuguesas por comboio: “As empresas utilizam hoje em mais de 90%
a via rodoviária e, em reduzida escala, as vias marítima e aérea. O volume
transportado por via ferroviária é insignificante ou mesmo nulo, não sendo hoje
uma opção real, devido à total imprevisibilidade de prazos, particularmente
crítica nos fornecimentos à indústria automóvel, mas também devido às velocidades
ridiculamente baixas, reduzidíssima frequência de circulação, preços pouco
competitivos, transbordos com elevados custos e demoras, a que devemos
acrescentar a tradicional falta de sensibilidade e agressividade comercial dos
principais operadores”.
A CIP divulgou este ano os resultados do inquérito que
lançou ao tecido empresarial português, em 2016, precisamente sobre este tema.
As respostas são muitas e revelam o impacto que a falta de uma ferrovia
competitiva terá na economia portuguesa, quando as autoridades espanholas e
francesas começarem a restringir o tráfego rodoviário de mercadorias de longo
curso entre os dois países.
“As empresas portuguesas que quisessem continuar a
exportar inevitavelmente teriam que deslocalizar a sua produção”, foi a
resposta da Renova. “Para este cenário, claramente que a alternativa seria uma
deslocalização da produção para outros países da Europa, pondo em causa 600
postos de trabalho”, respondeu a Preh Portugal.
A fileira metalúrgica (AIMMAP) destaca a “forte possibilidade”
de deslocalização e a fileira do calçado (APICCAPS) concretiza que a migração
da produção de calçado para Itália, para outros países do leste da Europa ou
mesmo para a Ásia “seria o caminho natural”. Este risco também é destacado por
várias outras associações sectoriais e regionais, desde a indústria da fundição
(APF), aos empresários do Minho, à Associação Empresarial de Portugal ou ao
Conselho Empresarial do Centro.
Os empresários da Guarda alertam para as
multinacionais que irão “procurar novos mercados para instalar a sua produção”.
A indústria naval reitera o “sério obstáculo à atração ao investimento
estrangeiro em Portugal” enquanto a Siemens confirma que a capacidade de
atração de investimento “seria mais reduzida”. “Um desastre” dizem as empresas
de Águeda (AEA) enquanto os exportadores de Aveiro (AIDA) “correm um risco
sério de sobreviver”.
A Volkswagen Autoeuropa também
respondeu ao inquérito: “Qualquer cenário em que todas as alternativas de
transporte terrestre para o centro da Europa sejam pouco competitivas será
necessariamente mau para a competitividade da empresa”.
É a já a 13 de setembro que o Governo debaterá que
projetos ferroviários incluirá no futuro Programa Nacional de
Investimentos.
email enviado a Carlo Secchi, coordenador do corredor atlântico
25/09/2018 santos.silva45@hotmail.com
– Correio
Portugal and the TEN-T core
network
Dear Mr Carlo Secchi
Dear Mr Carlo Secchi
We commend
you for your excellent work in the development of transport in a United Europe.
We are part
of a group of transport technicians and businessmen who view with concern the
Portuguese government's railway policy.
Under the
pretext of the financial crisis that affected Portugal, the government in 2011
gave up the construc on of the high-speed sec on of Poceirão (south of Lisbon)
- Caia (border with Spain, near Badajoz). He also gave up the construc on of
the bridge over the Tagus River that would bring the Lisbon-Madrid high-speed
line to Lisbon.
A er 7
years, approaching the EU financial framework 2021-2027, there is no
disclosure of credible planning (even if we consider the last mee ngs of the intergovernmental workgroups for border
connexions) for the design, tendering and construc on of the high-speed and
mixed traffic lines that are part of the core network of interna onal corridors
with the objec ve of 2030.
Although the report issued by you last April (Third Workplan,
April 2018) explains that does not bind
the European Commission, it is s ll an actual report drawn up by the Atlan c
Corridor coordinator and contains sufficient doubts to support our apprehension
on the possibility of comple ng the construc on of the corridor within the me
limit defined by Regula on 1315/2013, that is, un l 2030.
Indeed :
(1) Spain has announced that it intends to complete most of
this Corridor within its territory by 2023, including the most complicated
part, Basque Y, as referred in point 2.2.1. (page 11 of the Report) and the
whole before 2030. However, for track gauge, on p. 12, the Report predicts that
by 2030 the UIC gauge will only cover about 74%, which means that there will s
ll be 26% missing lines in this gauge. Since, in 2030, Spain has completed its
part and in France and Germany, the official gauge is the UIC, it must be
concluded that in Portugal li le or nothing will be built in UIC gauge, preven
ng european access to ports of the Portuguese Atlan c coast. The report itself
shows it on the map in fig.9 (p. 30) and in p.44: "interoperability,
notably related to track gauge, remains a cri cal issue, with relevant sec ons
of the Portuguese network, such as those in the North line connec ng the nodes
of Lisbon and Porto, con nuing to be in Iberian gauge ". And on p.65
(recommenda ons): "Regarding track gauges, the gaps
remaining a er 2030 will be mainly in Portugal on the
North line connec ng Lisbon and Porto" Does it have to be like this,
contrary to the 2030 core network goal?
The report on page 65 also states that the "UIC gauge
deployment (some mes through polyvalent sleepers)" will be carried out by
2030 among other interoperability items. However, polyvalent sleepers do not in
themselves ensure a 'seamless rail connec on between Lisbon and Madrid and
further north to the rest of Europe' (p.67), since it is
https://outlook.live.com/owa/?path=/mail/search/rp 1/2 25/09/2018 santos.silva45@hotmail.com
– Correio
already planned the transhipment of the goods transported in
Iberian gauge to UIC gauge in Vitoria / Jundiz (p. 50). Besides that, the use
of variable-axle wagons is not compe ve for long distances and prevent the
opera on in Portuguese territory of operators from beyond the Pyrenees.
2)
If the Portuguese authori es, instead of
construc ng new lines for the UIC gauge, prefer to use polyvalentsleepers for
later UIC gauge reconversion of some of its Iberian gauge old lines (although
they are single track and have gradients and curves out of the Atlan c Corridor
specifica ons), have you been presented with the corresponding cost / benefit
(GVA) studies for both scenarios considering the EU objec ves (modal shi of 50%
of the highway to mari me and rail modes)? And, in the case of the conversion
of single track lines into Iberian gauge, did these studies include the down me
of each line during the gauge transi on and the inherent loss of market for
alterna ve transport? Were you informed of which dates are planned for execu on
and comple on of any of these assump ons?
3)
The Sines-Leixões Atlan c axis already has
several saturated and / or poorly preserved sec ons, and a new line isurgently
needed. Do you know if it will s ll be in Iberian gauge ? Do you consider the
possibility of rejoining the Sines-Grandola connec on in the core 2030 network
through a new route compa ble with environmental criteria? Without prejudice to
the non-interference of the EC in the governments of the Member States, do you
consider that the EC could put pressure on the Portuguese Government to construct
it in UIC gauge avoiding polyvalent sleepers
? How and when will interconnect this Atlan c axis with the 2 interna
onal axes (north and south)?
4)
Since the modal shi from the highway to the
railroad is one of the goals to be achieved by 2030 and animportant way to
combat the import of fossil fuels, environmental pollu on and related diseases,
road hazards and long-haul transporta on costs, will the Commission withdraw
from these objec ves or will it pressurize the Portuguese Government to comply with
it by 2030, and asks it to make public a metable of implementa on with
deadlines and costs by 2030?
5)
Do you agree that failure to complete the Atlan
c Corridor by 2030, including the UIC gauge among the othersspecifica ons,
distorts compe on, benefi ng operators with Iberian gauge rolling stock, it
being obvious that both Portugal and the European Union would earn with the
entry into service of the Atlan c Corridor as soon as possible?
6)
Will the European Commission therefore be
prepared to consider the appropriate European co-financing of thePortuguese
part of the Atlan c Corridor, including UIC gauge, through EU budget 2021-2027
or other funds, pressing the Portuguese government to accelerate the prepara on
of projects for the related applica ons?
Thank you for your a en on.
Please accept our best regards
Lisbon, 25 july 2018
Henrique Sousa Neto (henriquejosesousaneto@gmail.com)
Luis Cabral da Silva
(luis.c.silva.01@gmail.com)
Fernando
Santos e Silva (santos.silva45@hotmail.com)Anexo:
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