terça-feira, 6 de abril de 2021

As flores de e para a Holanda, e muito mais do que isso

 A primeira impressão que me ficou da leitura desta excelente reportagem

https://www.publico.pt/2021/01/30/economia/noticia/empresa-camioes-cresceu-transportar-flores-portugal-paises-baixos-1948482

foi a de que era preciso prestar homenagem às suas personagens, desde Manuela Sabio e o marido José Mota até ao mais humilde colaborador da Transwhite e das suas famílias, sujeitas a ausências próprias duma empresa internacional de transporte rodoviário de mercadorias.

Não é só o espírito de iniciativa, é também a inteligência com que o fazem.

Faz-me lembrar as feitorias da Flandres, um meio para aproximar os povos de Portugal e dos Paises Baixos, ultrapassando a cegueira das diplomacias, especialmente dos Habsburgos que se assenhorearam do poder em Espanha e que no início do século XVI quiseram submeter toda a Europa sem compreender que a ideia de Europa unida não podia ser essa e sem compreender que o objetivo era, do ponto de vista financeiro, suicidário. Os livros de história registam o mal que a politica dos Habsburgo fizeram à economia portuguesa, mas numa perspetiva patrioteira, não universalista.

Felizmente a Transwhite compreendeu que, tal como David Ricardo explicou, o comércio internacional é bom para os dois lados (desde que não exagerem nos preços e salários baixos, mas contra isso Adam Smith soube chamar a atenção para a responsabilidade social para além do egoismo de que todos beneficiariam), e estabeleceu uma feitoria nos Paises Baixos, em Oosterhout, a 40km de Roterdão e 60km de Antuérpia com 8 funcionários em permanencia e onde carregam os seus camiões brancos frigoríficos para a viagem de regresso   Importam flores de corte (antúrios, cravos, estrelícias, orquídeas) e exportam rosas, gerberas. As flores representam metade do volume de negócios. 

Repito, David Ricardo tinha razão, não ao isolacionismo, não inventem sanções económicas por isto e por aquilo, por mais candentes que sejam isto ou aquilo, discutam as divergências nas Nações Unidas.

Reparem que estando as instalações principais nas Caldas da Rainha, há outro entreposto em Albergaria a Velha, onde devia passar a nova linha Aveiro-Salamanca, para tráfego misto e interoperável conforme o regulamento 1315 das redes transeuropeias. 

São pessoas com visão estratégica. 

No fim da entrevista, perguntada como encarava as possíveis sanções ambientais sobre o transporte rodoviário, disse o que o governo e a IP já deviam estar a promover, que a solução é o transporte de camiões ou semirreboques em vagões, mas que não tinha grande esperança de ver isso em Portugal. Em Espanha e França já se alteraram as dimensões de túneis para os adaptar aos gabarits deste modo de transporte, e já ses fazem serviços para a Inglaterra e o Luxemburgo. Mas por cá, não é assunto.

Os vagões consistem numa plataforma que gira sobre um eixo vertical de modo a permitir o acesso dos reboques, puxados por um trator


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